A crítica que segue contem muitos spoilers. É que não dava para falar de “Pequena Miss Sunshine” e da reação estranha que tive ao assisti-lo, sem revelar trechos importantes da trama.
As marcas trazidas pelo fracasso representam bem mais do que lembranças ruins. Por conta da experiência da dor da derrota, tentamos trilhar o caminho que dá certo, e nossa personalidade permanece em constante evolução. Portanto, a forma de lidar com a fatalidade da perda está relacionada com a capacidade de aprender.
“Pequena Miss Sunshine” conta a história de Olive Hoover, menina de 7 anos que tinha o sonho de ser miss. Era barriguda, como muitas crianças da mesma idade, desengonçada e desarrumada, quando comparada às bonequinhas de cera que participam desse tipo de concurso. Olive não tinha muitos talentos artísticos, mas garantia que sabia dançar, com a ajuda de seu avô Edwin, que havia criado uma coreografia para a apresentação da garota no concurso Pequena Miss Sunshine.
O tio de Olive, Frank, era gay e se recuperava de uma tentativa de suicídio; o irmão, Dwayne, fazia greve de silêncio; o pai, Richard, era um homem que não admitia a derrota, embora fosse um bom exemplo dela; a mãe, Sheryl, procurava conduzir com mais leveza os impasses da família. Juntamente com o avô Edwin, todos toparam enfrentar uma longa viagem para tornar possível o sonho da caçula. E dentre diversos obstáculo, como o defeito da Kombi que só pegava na segunda marcha, e a morte de Edwin, conseguiram chegar ao local do concurso.
“Pequena Miss Sunshine” foi um filme de produção independente e baixo orçamento que surpreendeu Hollywood pela genialidade do roteiro e atuação do elenco. Tem uma ótima fotografia que explode em cores, no contraste, por exemplo, entre a kombi amarela, o céu azul, e a camisa e botas de cowboy vermelhas de Olive. Destaca-se também o desempenho de Alan Arkin (ganhador do oscar de melhor ator coadjuvante) no papel do carismático avô Edwin. A cena em que tenta convencer Dwayne a transar com o máximo de mulheres possível durante a juventude, e que defende o uso de drogas somente após a senilidade é hilariante.
Momentos antes da apresentação, a família constata que, diante de acrobacias, contorcionismos, e afinação vocal das concorrentes, Olive talvez não tivesse a menor chance de se sobressair. Com o intuito de poupá-la, Sheryl a deixa livre para desistir. Olive decide que continua. E quando pensei que ela faria uma apresentação magnífica que tocaria o coração dos jurados e lhe daria a vitória, como poderia fazer crer o velho clichê do cinema, certifico-me de que o escroto avô Edwin, com toda boa vontade do mundo, havia ensinado a menina a dançar como uma striper atrapalhada ao som de You Can’t Touch This do Mc Hammer.
A família, que anteriormente não conhecia o teor da coreografia de Olive, entrou em desespero. Para evitar a interrupção da interpretação da menina, Richard socou o apresentador do evento, e para que Olive não fosse humilhada sozinha, Frank, Dwayne e Sheryl realizaram o belo gesto de invadir o palco para dançar com a garotinha. Foi nesse momento que, em meio a gargalhadas frenéticas, verti minhas primeiras lágrimas de emoção. Após o término do filme, continuei por vinte minutos experimentando a inédita sensação de rir feito um maluco e chorar emocionado ao mesmo tempo.
Olive foi desclassificada e a polícia proibiu a sua participação em concursos de miss no estado da Califórnia. Ela estava levando consigo uma de suas primeiras marcas do fracasso. Ou talvez o avô Edwin estivesse certo ao dizer que os verdadeiros perdedores são aqueles que não tem coragem de tentar.
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Marcelo Cardins
Este filme é realmente um fenômeno, ele possui a capacidade invulgar de emocionar e divertir simultaneamente. Depois do final, é difícil tirá-lo do imaginário! Ótima escolha do blog!!
ja assisti…
Muito legal esse filme, os personagens sao muito bem trabalhados..
Adoro esse filme! É um tapa na cara para os clichês Hollywoodianos super óbvios que trazem na trama aquele final emocionante que o menos indicado conquista o premio.
Tb chorei na parte em que a familia toda sobe pra dançar.
Abs!
Haha
Abigail está demais!
Poxaa, quem escreveu a crítica acima? Adorei! Ainda não assisti o filme, mas com essa crítica vou assiti sim!!
Muito bom!
;)
Um dos melhores filmes dessa década!
kkkkkkkkkkkkkk
me senti assistindo o filme de novo!
muuito boa Marcelo!
Estão sumidos ! Aguardo novas atualizações ! Um abraço !!
Também choro nesse momento em que a família dança junto com Olive. Comédia e drama sempre bem trabalhados, atuações maravilhosas, filme fantástico.
[…] mas os sintomas sumiram. Quem quiser ver minha análise a respeito do filme no Cinemafia, clique aqui.“ – Marcelo Cardins – do […]
esse é uma comedia muito loco
O filme é muito bom!!!!!!!!!!