Hermeto Pascoal – Ato de Criação (2008)

12/08/2011

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Mais do que indicar uma obra cinematográfica, esse texto tem a intenção de levar ao conhecimento de todos vocês, leitores do Cinemafia, a incrível pessoa que o filme trata, pois muitos não conhecem um dos maiores gênios da música do nosso país, Hermeto Pascoal. Nascido em Alagoas, Hermeto desde criança se encanta com os sons da natureza e é famoso por conseguir fazer música de qualquer objeto que ele tem pela frente.

Hoje o barbubo albino (não, não é o Sivuca gente) domina mais de dez instrumentos, entre eles piano, sanfona e escaleta. Sabendo desse fantástico talento, o diretor Mário Carneiro convidou Hermeto Pascoal para compor a trilha sonora do seu documentário “Eu Vi o Mundo… Ele Começava no Recife” sobre o pintor Cícero Dias. Mas esse ainda não é o filme em questão. Calma que chegarei nele.

Felizmente, Marília Alvim (que, além de produtora, já era ex esposa de Mário Carneiro na época da produção do filme) cuidou para que houvesse uma câmera registrando os dois dias em que o grande Hermeto colocou pra fora toda a sua genialidade e descontração e criou as músicas do documentário, o que resultou no filme “Hermeto Pascoal – Ato de Criação”. Este sim é o que vim indicar.

Apesar de ter sido gravado em 2002, “Hermeto Pascoal – Ato de Criação” só foi realmente editado e lançado em 2008, após a morte de Mário Carneiro, o que me leva a crer que nenhuma intenção havia de se levar um documentário a cabo. Em razão disso, temos um documentário simples, sem nenhuma pretensão maior, mas que se torna grande por revelar a grandeza de uma pessoa. É espetacular ver toda a liberdade que lhe é concedida sendo totalmente aproveitada por sua mente brilhante.

O cara ia assistindo o filme ao passo em que ia tocando algum instrumento e criando uma melodia que captasse totalmente a essência das imagens, tudo isso sem perder o humor (ele é um exímio brincalhão). A frase que mais ouvimos de sua boca é: deixa comigo. E não precisa de muito para perceber que Mário confiou cegamente no maestro e gostou muito do trabalho.

O filme é curto e está divido em oito partes no youtube, postarei aqui apenas a primeira e quem quiser ver o filme completo poderá encontra-lo facilmente. Valeu.

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Lincoln Ferdinand


A Onda (2008)

29/07/2011

Quando se espera muito de um filme, é comum o desapontamento se este não condisser com suas expectativas. A não ser que você seja lançado de última hora em uma sala de cinema, sem tempo nem de perguntar do que se trata, ou qual o título a ser exibido, sempre haverá uma expectativa sobre o que vai ser assistido. Então uma vez formada sua visão a respeito do que provavelmente irá acontecer na trajetória do enredo, certas vezes acontece, antes do término da sessão, de você comentar para si mesmo que aquilo não era o que você estava esperando e que não há mais tempo para o filme surpreender. Foi exatamente isso que pensei de “A Onda”. Quebrei a cara.

Uma história, ainda que seja do conhecimento de muitos, se encontra alguém para conta-la com brilhantismo, ganha uma nova vida e muitos outros ensinamentos e valores não explorados anteriormente. A Onda, embora conte uma história baseada em fatos reais – o que gera, muitas vezes, previsão – encontrou em Dennis Gansel (diretor e roteirista) um porta voz que deu abertura para a abordagem de vários temas relevantes para nossa sociedade como política, capitalismo, governo e poder.

Distanciando-se um pouco, em detalhes, do fato que o originou, “A Onda” narra a história de um jovem professor que assume, contra a sua vontade, a tarefa de lecionar sobre autocracia em um seminário de uma semana de duração. Então ele resolve mostrar na prática para seus alunos desinteressados o que é uma ditadura. Vira o Führer do pessoal e exige disciplina e unidade. Criam um nome para o grupo (A onda), um uniforme, um símbolo e até uma saudação, mas, as coisas começam a tomar proporções maiores e fogem do controle do professor que queria apenas uma aula dinâmica e produtiva.

Como falei anteriormente, o diretor fez um ótimo trabalho ao narrar esse fato que aconteceu nos Estados Unidos. Ninguém melhor que um alemão para produzir visualmente um estudo sobre autogoverno, fim da democracia e ditadura. O longa possui um enredo bastante ligeiro, o que não se torna um ponto negativo quando o roteiro quer mostrar a rapidez com que núcleos dessa natureza se formam em nossa sociedade e de uma hora pra outra já estão disseminando suas ideologias pelo mundo a fora. Não é um filme espetacular, porém, bem eficaz no que se propõe.

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Lincoln Ferdinand


Novidades

04/07/2011

Galera, temos novidades. Estou postando hoje só pra anunciar que a partir de agora teremos mais um cinemafioso nos ajudando aqui. Ele se chama Victor Lúcio (sigam ele no twitter), e devido a sua entrada tivemos que fazer algumas mudanças na programação do Cinemafia.

Então, teremos texto agora toda segunda, quarta e sexta. Bom né? Na segunda vão ficar escrevendo Ezequiel e Victor. Na quarta vamos dar início a uma coluna que será escrita por Renata, e trará sempre textos curtos e de leitura rápida para a galera que não curte muito os textos compridos. O título da coluna ainda está a ser pensado, mas logo vocês saberão.

E na sexta vai continuar do mesmo jeito com textos meus e de Marcelo. Esperamos que vocês gostem no nosso novo integrante (próximo texto já será dele) e fiquem a vontade para sugerir e fazer críticas. Até mais.

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Lincoln Ferdinand


O crítico de cinema por trás das câmeras

01/07/2011

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Como já falei em outro texto, gostar de cinema não é o mesmo que gostar de ver filmes. Aquele que gosta de cinema quer ir mais além e compreender cada passo existente na produção de uma obra cinematográfica. Quer entender cada elemento que contribui para a beleza transmitida por aquelas imagens que encanta crianças e adultos. Este, o amante do cinema, é aquele que quer fazer algo além de ver filmes, e na maioria das vezes se torna, roteirista, diretor, ator, entre outros que querem trabalhar naquilo que lhe dá mais prazer. No meio desses, se encontra também o crítico de cinema.

O crítico de cinema tem um papel importantíssimo no mundo da sétima arte. Ele é um grande estudioso do cinema e está pronto para liberar seu posicionamento sobre qualquer produção, seja este positivo ou negativo. É uma figura bastante temida pelos cineastas que entregam seus filmes quentinhos para serem destrinchados pela crítica que irá influenciar sobremaneira o interesse do público em assistir tal trabalho.

Mas, uma coisa que muita gente talvez não tenha pensado é, porque o crítico, com tanto conhecimento e teoria acumulados, não se atreve a fazer cinema. Será que o filme de um crítico não ia ser perfeito? Se o cara sabe onde está todo erro de qualquer produção que ele examina, então certamente um filme de sua autoria deva ser impecável não acham? E outra coisa que acredito profundamente é que todo crítico de cinema sempre sonhou em ser cineasta e colocar em prática todo aquele conhecimento sobre a sétima arte que ele adquiriu com anos de leitura e apreciação de filmes e mais filmes. Então será que aquela conversa de, “eu sei na teoria, na prática não”, se aplica ao mundo do cinema?

Com certeza vários fatores existem que não levam o crítico de cinema a querer se aventurar por trás das câmeras, mas um que acho bem evidente, é o de que a partir daquele momento ele estará no outro lado do jogo e será alvo de críticas também. Então, provavelmente ele se abstém dessa tarefa por medo ou simplesmente por não se achar competente para executar aquilo que domina tão bem no campo teórico. Mas isso pode ser apenas uma viagem da minha cabeça. Não sou crítico e muito menos cineasta.

Agora partindo para o que eu quero mostrar, se você é um leitor desse blog, deve conhecer ou já ter ouvido falar de Pablo Villaça. Ele é considerado por muitos o maior crítico de cinema do Brasil na atualidade. Não podendo ser diferente, é o meu preferido e, pela leitura de suas críticas, com quem aprendo muito.

Ele foi um dos poucos integrantes da crítica cinematográfica que resolveu concretizar aquilo que há anos vem guardando em seus textos, e roteirizou e dirigiu seu primeiro curta metragem: “A_ética”. Não vou me atrever na análise do filme (quem sou eu pra isso?), quero apenas que vocês possam conhecer um trabalho muito bem feito e corretíssimo produzido por um dos grandes nomes da crítica nacional e internacional.

O filme está no youtube divido em duas partes. Assistam e tirem suas próprias conclusões.

Então pessoal, o que acharam? Será que o cara vai dar continuidade nessa carreira? Vamos esperar pra ver. Você poderá ler as críticas de Pablo Villaça no site Cinema em Cena e segui-lo no twitter clicando aqui.

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Lincoln Ferdinand


Tarantino’s Mind (2006)

18/06/2011

Bom pessoal, começo mais uma vez me desculpando porque não tive tempo de preparar um texto bacana pra postar aqui. Estou em fim de período na faculdade, e alguns de vocês sabem como é; sem tempo nem pra respirar. Mas é óbvio que eu não ia deixar de postar alguma coisa, nem que fosse um trailer.

Então, eu trouxe um curta metragem nacional que, apesar de ser de quatro anos atrás, é pouco conhecido. Trata-se de uma homenagem ao gênio Quentin Tarantino, dirigido pela 300 ML e com produção da Republika Filmes. Sou suspeito a falar porque sou fã de tudo que é cria desse maluco aí, mas que o curta ficou porreta, ficou.

O filme tem uma enxurrada de referências e nos delicia com o grau de metalinguagem explorado. Tentaram fazer um curta sobre Tarantino, à la Tarantino. Toda a parte técnica foi feita para que parecesse um filme vindo com um toque de suas mãos. O diálogo é muito bem conduzido pela dupla, Selton Mello e Seu Jorge, que confabulam sobre uma possível ligação entre as histórias criadas por Tarantino em todos os seus filmes. Eles vão destrinchando cada personagem e mirabolando acerca do que conhecemos como teses tarantinescas.

Selton Mello está sensacional. Ele, que, na minha opinião é um dos responsáveis por essa nova guinada que deu o cinema brasileiro. Muita gente aqui diz que quem é bom tem que ir pra Hollywood fazer a vida. Eu não acho. Quem é bom tem que ficar e ajudar a crescer o que nós temos. Tanta gente com talento por aqui, tanta gente querendo trabalhar e que não recebe incentivo. O cinema nacional tem crescido bastante na última década, e pode crescer bem mais.

Seu Jorge também é outro que, sempre que dá seus pulos na atuação, faz muito bem. Merece reconhecimento, o seu trabalho como ator.

Enfim, o filme é muito bom, ótimo pra quem gosta de cinema, e sensacional pra quem se amarra na obra de Quentin Tarantino. Vocês podem conferir ele na íntegra aqui em baixo. Comentem e falem o que acaharam.

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Lincoln Ferdinand